Agarrem-nos senão eu mato-me!!!

Há 65 anos nasceu Eusébio da Silva Ferreira, uma das personalidade que mais admiro mesmo que os meus 24 anos não permitam ter presenciado as suas fantásticas exibições.


O meu pai desde que eu me lembro me fala de Eusébio com um entusiasmo comovente, o meu avô adepto Sportinguista disse-me um dia contrariando o seu feitio orgulhoso que a única vez que tinha ido ao futebol foi ao estádio do Benfica para ver jogar o Eusébio dizendo: “nem a cavalo o apanhavam!!! E mesmo se o apanhassem tenha impressão que ele virava o cavalo de pernas para o ar e marcava golo na mesma.”

O pai de um amigo, sportinguista de alma e coração, numa conversa de café disse: “para mim nunca ouve nem vai haver nada parecido com o Eusébio! Era o melhor e continua a ser…vi jogar o Eusébio muitas vezes e era uma coisa impressionante, nunca vi ningém fazer igual, nem o Pelé nem o Maradona. Eusébio foi de longe o melhor de sempre!"


Conta-se que um dia em Itália enfrentando a Juventus de Turim, Eusébio, ainda praticamente desconhecido naquelas paragens foi marcar um livre com a bola apenas ligeiramente após o meio do relvado, Eusébio tomou balanço como quem se preparava para rematar directamente à baliza. Pelas bancadas ecoa uma risada geral e os italianos troçam da intenção de rematar dali à baliza….Eusébio rematou mesmo e fez um golo incrível.

Quando o Russo Yachim) defendeu um penalti de Eusébio, este fez questão de o cumprimentar com um abraço reconhecendo o mérito do adversário nascendo daí uma amizade entre 2 homens históricos.

Mas o que fascina para além dos golos mais improváveis, dos livres directos a mais de 40 metros da baliza é a simplicidade e humildade e o respeito com que tratava tanto adversários como colegas da equipa mais experientes. Por exemplo o capitão Mário Coluna conta que na final da taça dos campeões europeus contra o Real Madrid, o miúdo Eusébio recém-chegado pediu, quando o capitão se preparava para apontar um livre: “Sr. Coluna, por favor, deixe-me marcar o livre que eu faço o golo!”. Coluna não resistiu a tamanha humildade e acreditou no “miúdo”….Eusébio Marcou o livre e fez um grande golo, o Benfica ganhou a Taça e a partir daí é História.

Campeão Europeu em 1962, campeão nacional por 11 vezes, vencedor de e 4 taças de Portugal.
Levou Portugal ao 3º lugar no campeonato do MUNDO DE 1966 e foi o melhor jogador e melhor marcador da competição.
Por 7 vezes foi o melhor marcador do campeonato nacional e em 1968 foi o melhor marcador da Europa e melhor jogador do ano, marcando ao todo 733 golos só em jogos oficiais, tendo disputado cerca de 750 partidas o que leva a uma média no mínimo interessante….

Eusébio apaixona porque fez muitos portuguêses chorar de alegria tendo sido ele o 1º a chorar de tristeza, como se de uma criança se tratasse em pleno relvado do estádio de Wembley por não ter conseguido dar a final do Mundial ao povo que tanto o amou e continua a amar.
Eusébio soube sempre respeitar os adversários, e é respeitado e admirado por todos eles, é um exemplo de fairplay e educação demonstrando com a sua falta de formação académica que a educação não se aprende só na escola nem se mede pelo correcção da gramática das palavras que proferimos, mas sim, pelo significado e pureza das mesmas.

Terá faltado a Eusébio a possibilidade de jogar nos grandes países da Europa, hipótese castrada pela ditadura Salazarista, teria tido a exposição mediática que tiveram um Pelé, um Di Stefano, um Charlton um Maradona ou um Platini entre outros.
Eusébio na lista dos melhores do mundo tem alguns na sua frente, para mim e para muitos não por ter sido menos bom, mas por ter sido menos conhecido…
Eusébio não se importará com isso certamente e nós também não pois ficará para sempre na nossa memória como o melhor…O pantera negra!